26.10.12

Angel Olsen


- Desculpe, pode-me dizer como se chega à Angel Olsen?
- Ora bem, passa pela Alela Diane e segue sempre a direito até à Nina Nastasia, contorna, vira à esquerda e quando chegar ao cruzamento entre a  Laura Gibson e a Marissa Nadler vira à direita em direcção à Karen Dalton. A Angel Olsen fica mais ou menos a meio, mesmo em frente à Tiny Ruins.
Não deixe de experimentar as "Acrobat" e "The Waiting". São de chorar por mais.


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24.10.12

Andy Burrows – Company



Façam o teste de carbono-14 a este álbum, e o resultado sairá errado em mais de trinta anos anos. Quem sentir saudades de uma época que não viveu (ou não teve idade para gozar), onde o calendário nunca passa de 1979, vai ficar surpreendido com este disco. As canções, previamente embebidas em orquestrações luxuriantes, são servidas com um fiozito de azeite extra-virgem e é de bom tom ter um fraquinho pelos Fleetwood Mac e Steely Dan.
Acrescente-se ainda que o autor desta agradável badochice tem um currículo bastante improvável para este tipo de coisas... Andy Burrows foi baterista dos pouco recomendáveis Razorlight e We Are Scientists até enveredar por uma carreira a solo e conseguir pela primeira vez - à terceira tentativa - olhar para o espelho sem sentir vontade de vomitar. Um feito notável que merece ser contado na Fátima Lopes.



23.10.12

Dan Croll


From Nowhere, o single de estreia deste moço colou-se-me ao ouvido à primeira escutadela - eu sei, eu sei... o catchy as hell é por vezes mais efémero que uma paixão adolescente.
Nada a fazer, crollei-me à melodia fácil e prazenteira, à letra bonitinha e à voz danada de boa.
Aguardemos notícias de Liverpool, que este rapaz, definitivamente, vem d'algum lado...


Josephine Foster | Passos Manuel | Porto | 18-10-2012

No final de cada concerto, os dotes vocais de Josephine Foster costumam motivar comentários jocosos entre os que garantem ter desafinado o tempo todo e os que afirmam exactamente o contrário.
No entanto, todos concordam numa coisa, é a sua forma de cantar tão peculiar, como uma soprano com síndrome de insuficiência tonal, que faz dos seus concertos momentos únicos e inesquecíveis. Claro que ter uma banda maleável às flutuações harmónicas da vocalista e contar (literalmente) a tempo inteiro com o contorcionismo melódico de um guitarrista hiperactivo também ajuda. Isso e um reportório imaculado, neste caso, a incidir especialmente no fabuloso Blood Rushing, álbum recentemente editado, de onde foram retiradas nove deliciosas fatias (excluindo apenas "Sacred Is The Star"), com tempo ainda para um desvio até "This Coming Gladness" com "The Garden Of Earthly Delightts" e para uma pequena homenagem aos colegas Cherry Blossoms com uma versão de "Amazing Stars", terminando com a cereja no topo do bolo, a interpretação de "Mother Nature Is The Holliest " à boca do palco, apenas com um bombo e uma pandeireta, em jeito de pow-wow, invocando um dos fortes motivo de inspiração para Foster, que desde cedo se interessou profundamente pela cultura nativo-americana.

21.10.12

10

Parece incrível, mas faz este mês uma década que Up The Bracket, o bombástico contributo dos Libertines para o renascer do interesse de toda uma geração pelo indie rock (culpa, obviamente, dos Strokes e White Stripes) viu a luz do dia. Mais incrível ainda é constatar, contra todas as expectativas, que as casas de apostas estavam erradas, todas as tentativas de Pete Doherty pare se juntar ao heavenly choir foram até agora infrutíferas. Passaram dez anos, mas ele não se lembra de nada.

20.10.12

Negativland, hoje no Maus hábitos. Entrada Livre


"A 5.ª edição do festival Futurplaces, dedicado aos média digitais e à cultura local, regressa ao Porto (...), tendo por cabeças de cartaz a banda experimental Negativland e o gráfico Philip Marshall (...)"

Mais aqui: JN

19.10.12

Não sejas mau para mim


Que os Beatles eram uma banda extremamente prolífica, chegando com facilidade a editar três discos num ano, toda a gente sabe. O que nem todos se lembram - ás vezes nem os próprios -, é de todos os temas não editados, músicas oferecidas por dá lá aquela palha a outras bandas, músicos amigos ou completos desconhecidos, que escorriam da fonte "Lennon & McCartney" num fluxo inacreditável, sem perder o costumeiro selo de qualidade. É famosa a história de Paul (numa noite de confraternização alcoólica) compor, in loco, o tema "Penina", para os Jotta Herre, banda residente do hotel Algarvio onde estava hospedado (a canção viria mais tarde a ser gravada por Carlos Mendes).
Alguns desses temas, foram aparecendo esporadicamente em raríssimas demo-tapes gravadas, em baixa fidelidade, pela própria banda. Um dos meus favoritos, o inspirado "Bad To Me", foi composto para Billy J. Kramer, mas independentemente do intérprete, a autoria é inconfundível, tresandando a Beatles por todos os poros. A demo original, registada em 63, contém apenas a voz de Lennon acompanhada à guitarra, só que, como seria de esperar, não tardaram a surgir os inevitáveis acrescentos caseiros, que ajudam a dar uma ideia de como poderia soar o produto final.

versão original


versão "kitada"

17.10.12

The declaration of indiepenis


Esta é a capa que Andy Warhol gostaria de ter feito mas nunca teve tomates. Embrulha uma nova dose de terrorismo sónico disparada sem dó nem piedade pelos Death Grips (que ainda estão a dever um concerto aos utentes do Primavera) e cujo download legal e gratuito pode ser feito aqui ou...em tudo quanto é sítio, para dizer a verdade.
Quem se lembrar da sensação "enxerto de porrada" deixada pela primeira audição de "The Future of War", dos Atari Teenage Riot, e tiver esperado estes anos todos para replicar o momento, vai ter aqui um fartote.
Proponho que na próxima manifestação à porta do parlamento, em vez do habitual empenho humorístico nos cartazes, haja unanimidade estética, brandindo massivamente esta capa, enquanto as carripanas da UGT cospem "World of Dogs" bem alto, dos altifalantes.



15.10.12

A catcher in the Rhye


Rhye, duo oriundo de L.A. com afinidades estilísticas à french-tronica dos Air, que começou por causar algum burburinho no início deste ano, com a pop deliciosa do seu primeiro EP, "Open", aventura~se agora no segundo tomo com "The Fall", procurando assim subir a parada. Se "Open" dava uns ares a Patrick Watson com uma baguette debaixo do braço, "The Fall", com o seu piano loop de arrepiar - e mesmo assemelhando-se perigosamente a "La Ritournelle" -, é um caramelo melódico de primeiríssima qualidade, doce e nada enjoativo. A seguir com toda a atenção.



14.10.12

Young Marble Giants @ Teatro Municipal de Vila do Conde

Farto-me de barafustar contra o oportunismo de bandas inexistentes há décadas, cujo anacrónico e despropositado retorno ao activo, cria um misto de vergonha alheia e desprezo, que nem os bolsos mais recheados de cifrões alguma vez irão justificar.
Mas, claro, há excepções. E quando falamos de um projecto que, sem saber bem como, criou a matriz para a sonoridade pós-punk de cariz minimalista, que ainda hoje é utilizada por bandas devedoras de chorudos royalties pelo simples facto de existirem (olá XX), tudo isto, com um único álbum, editado já após a sua dissolução, a excepção torna-se por demais evidente.
Colossal Youth, o disco que influenciou tanta e tão variada gente, não tem um cabelo branco, continua tão urgente e actual como há trinta e dois anos atrás. Ouvi-lo ao vivo, na íntegra, é sempre um privilégio que não deve ser desperdiçado. Um mimo.



12.10.12

ó filha....


A mítica 4AD, transformada numa célula adormecida durante o que pareceu uma eternidade, estava apenas a planear um ataque continuado, como se pode comprovar por mais este petardo certeiro.
Daughter, trio folkista composto por Elena Tonra, Igor Haefeli e Remi Aguilella, companheiros de equipa de Bon Iver, Ariel Pink e Efterklang (tudo gente em perfeita sintonia) tem em Smother, o belíssimo single editado na semana passada, um lubrificante sonoro mais suave que um rabinho de bebé, contraponto ideal para a melancolia temática que versa sobre a amargura da separação.




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11.10.12

Sharon Van Etten | Magic Chords

O tipo que realizou este vídeo é um sacana com sorte.

Steve Gunn | Passos Manuel | 09-10-2012

A menos que sejam um dos 10 felizardos presentes neste concerto, da próxima vez que alguém se queixar que não se passa nada no Porto, apanha um estalo na cara.

9.10.12

O regresso da loba.


Chelsea Wolfe não é propriamente uma estreante nestas andanças, na verdade tinha já um punhado de edições quando dei por ela no disco tributo aos Strokes que o Stereogum ofereceu à sua habitual clientela, em meados de 2011. O que me levou nesse mesmo ano ao peculiar e sibilino Ἀποκάλυψις, cuja estética de aspirante a extra num filme de Dario Argento terá contribuído para que o disco passasse algo despercebido num ano de farta colheita.
A mesma sorte não terá certamente o novíssimo Unknown Rooms - A Collection Of Acoustic Songs, que sem descaracterizar o som concebido por Wolfe, balança seguro entre a luz e as trevas, numa toada folk de obscura beleza.




7.10.12

Para efeitos práticos ainda é Verão?

Num mundo perfeito estaria a percorrer a Costa Vicentina num velhinho pão de forma, a caminho de um Woodstock à alentejana, para um banho de retrofolkrockelectroworldpop revisto, actualizado e de preferência gratuito.
Num mundo perfeito a máfia cavaquista teria escolhido outro local para arruinar com empreendimentos de legalidade duvidosa e arraiais festivaleiros para groupies dos Morangos e adeptos do tuning.
O melhor é pôr a música bem alto e bater os calcanhares, talvez resulte.


Music Lotion Vol.7 (pt.2)

Amália Rodrigues Long Ago And Far Away The Amazing Gentle Stream Andy Burrows Company Angel Olsen The Waiting Bahamas Lost In The Light Beachwood Sparks Forget The Song Beth Orton Something More Beautifu Caveman Easy Water Cheek Mountain Thief Cheek Mountain Chris Cohen Optimist High Dale Earnhardt Jr. Jr. Skeletons Dana Falconberry Lake Charlevoix Dark Dark Dark Tell Me Daughn Gibson In the Beginning Delicate Steve Two Lovers Diagrams Night All Night Efterklang Apples ERAAS Fang Father John Misty Nancy From Now On First Aid Kit The Lion's Roar Gold Leaves The Companion Golden Fable  Always Golden Holidays Sands Of Galaxies Jack White Love Interruption jj Beautiful Life Joe McKee Burning Boy Jonathan Wilson Desert Raven Julia Stone Let's Forget All The Things That We Say King Krule Rock Bottom Laura Gibson Skin, Warming Skin Matt Sweeney And Bonnie ‘Prince’ Billy Storm Matthew E. White One Of These Days Mayer Hawthorne Get To Know You Melody's Echo Chamber Crystallized Memoryhouse Pale Blue Michael Kiwanuka I'll Get Along Night Moves Country Queen Norra Kust Spirit Design Ombre Cara Falsa One Little Plane She Was Out in the Water Other Lives For 12 Peaking Lights Hey Sparrow Pond Sorry I Was Under The Sky Poolside Next To You Porcelain Raft Unless You Speak From Your Heart Psychic Ills Mind Daze R. Stevie Moore Pop Music Ripple And Murmur Love Thing Sky Ferriera Everyting Is Embarassing Softlightes Lovers Standard Fare Look for Lust Stars Lights Changing Colour Suckers Leave the Light On Sun River Dawn Patrol Taken By Trees Large Tycho A Walk The Vaccines That Summer Feeling We Have Band Watertight (Acoustic Version) Whistle Peak In A Boat On A Lake White Denim Get Back To Love (Street Joy) Wild Nothing Disappear Alway     ML7(pt2)AML7(pt2)BML7(pt2)C

5.10.12

Norberto na terra dos lobos


Norberto Lobo, um dos poucos génios em actividade nesta república de bananas forjada faz hoje cento e dois anos, acaba de assinar mais uma obra-prima - Mel Azul - que irá apresentar hoje à noite em Bragança, no Auditório Paulo Quintela, pelas 22h.
Caso estejam nas redondezas não faltem, caso não estejam, aproveitem bem o último feriado de 5 de Outubro e ponham-se a caminho. É que não tem nada a ver, mas este gajo é o novo Carlos Paredes.
Ah, o belíssimo cartaz aqui em cima é da autoria da CC, uma artista muito cá da casa.

2.10.12

Optimist high


Vem mesmo a calhar. Um verão em versão director's cut, com as cenas extra a prolongarem-se descaradamente pelo outono adentro, precisava de uma banda sonora à altura.
Mais perfeita que esta era impossível.
Overgrown Path do multi-instrumentista Chris Cohen, habitual colaborador de Deerhoof, Ariel Pink ou White Magic (entre muitos outros), é uma pérola pop absolutamente viciante, uma verdadeira droga da felicidade de efeito imediato, mais eficaz do que qualquer "especiaria" inalável disponível no mercado, que em doses excessivas pode provocar um estado de optimismo irreversível.

Chris Cohen - Optimist High


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